Mais Faixa Amarela que Esperança: O Trânsito Pintado da Vergonha

Avenida Olímpica e o Trânsito Caótico: Entre Faixas Amarelas, Abusos e a Inércia da Gestão Municipal

Se há algo que funciona bem em Bom Jesus do Itabapoana é o caos. E a Avenida Olímpica virou o palco principal desse espetáculo de desorganização patrocinado pela falta de gestão, pela omissão e por um plano de mobilidade urbana que só existe — se existir — na gaveta de algum gabinete climatizado.

A cada semana, novos acidentes. A cada esquina, novos riscos. Caminhões de carga e descarga em curvas, carros estacionados onde não podem, calçadas virando estacionamento, e o espaço em frente à padaria Massas & Cia? Aquilo ali virou um estudo de caso sobre como não se organizar o trânsito. Moradores e comerciantes já perderam a paciência — e com razão.

A Secretaria Municipal de Segurança Pública, que deveria garantir a ordem, parece estar em férias prolongadas. A pracinha da Bíblia, por exemplo, foi convertida em pista de motocross elétrico e área de exibição de manobras radicais com bicicletas. Famílias tentam conviver ali. Idosos caminham. Mas o que encontram é perigo e abandono. Pela manhã, o cenário é de festa vencida: garrafas, cascos e restos de uma madrugada descontrolada. À tarde, começa o show de velocidade sobre os canteiros. E quando anoitece, os abusos ganham outra dimensão — inclusive os mais explícitos, como já testemunharam alguns moradores. Sim, já teve até sexo ao vivo. Em praça pública. Parabéns, gestão!

E não para por aí. O trânsito da cidade mais parece uma roda de samba desafinada: tem mais faixa amarela do que espaço útil para o cidadão estacionar. Em frente à Secretaria de Segurança, por exemplo, cinco vagas amarelas — exclusivas para os veículos oficiais, claro. Afinal, o privilégio precisa ser garantido.

Apesar de tudo, vale registrar: os guardas municipais, em sua maioria, são atenciosos e dedicados. Já presenciei, inclusive, o excelente trabalho de alguns deles no trânsito em diferentes ocasiões. O problema não está na base, mas no topo. Falta planejamento. Falta comando. E isso é responsabilidade de quem? Do prefeito, é claro — o gestor maior do município. Ah, mas ele está de férias… A festa de agosto vem aí, e os preparativos devem estar a todo vapor.

Enquanto isso, o comércio local clama por socorro. Clientes desistem de comprar por falta de estacionamento. As vagas? Ocupadas por motos que se espalham como se fossem carros. E a fiscalização? Sumiu. Deve ter entrado de licença ou estar assistindo tudo pelas câmeras de monitoramento. Porque, sim, o prefeito tem acesso exclusivo a uma tela com imagens ao vivo no gabinete, e o secretário também. Inclusive, já foram empenhados quase R$ 300 mil reais em serviços de monitoramento por câmeras, conforme o 3º Termo Aditivo de um contrato já bem recheado.

Sabem o que está acontecendo? Claro que sabem. Estão vendo ao vivo. Só não agem. E o mais curioso: esses contratos de aluguel de máquinas, compra de insumos, monitoramento e outras maravilhas da criatividade orçamentária municipal… Bom, esses já estão sendo reunidos. Em breve, serão pauta. Pode esperar.

Enquanto isso, a cidade segue tentando sobreviver ao trânsito, ao abandono, ao barulho, ao descontrole e à inércia de uma gestão que parece mais preocupada com câmeras do que com a vida real.

Fonte: Portal da Transparência