A Escalada dos Golpes do Crédito Consignado no Rio de Janeiro: Saiba Como se Proteger
Em meio a operações policiais que desmontam quadrilhas e prendem dezenas de golpistas, idosos e pensionistas continuam sendo os alvos preferenciais dos criminosos. O Rio de Janeiro enfrenta uma crescente onda de golpes envolvendo empréstimos consignados, num ciclo perverso de desinformação, vulnerabilidade das vítimas e atuação de organizações criminosas cada vez mais sofisticadas.
Um esquema que se repete
Segundo a Delegacia do Consumidor (Decon), os golpistas atuam com uma estratégia bem definida: obtêm dados pessoais de aposentados e pensionistas — muitas vezes cruzando informações do INSS e bancos — e entram em contato se passando por representantes dessas instituições. Prometem quitação de dívidas antigas, portabilidade com vantagens ou empréstimos com condições especiais. Mas, na prática, induzem a vítima a contratar novos empréstimos que são rapidamente desviados para contas de terceiros. O prejuízo só é percebido quando os descontos aparecem no contracheque do benefício.
“O primeiro passo é não resolver assuntos bancários por telefone. Vá pessoalmente ao banco. Se for vítima, registre o boletim de ocorrência. E nunca forneça dados pessoais, principalmente o CPF, a estranhos”, alerta o delegado Wellington Vieira, titular da Decon.
Prisões e operações recentes
Somente nos últimos dias, duas grandes operações escancararam a força dessas quadrilhas:
- 16 de julho: 13 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na capital, Baixada Fluminense e Costa Verde. A operação bloqueou cerca de R$ 500 mil e desarticulou um grupo especializado em fraudes contra idosos.
- 8 de julho: Nove pessoas foram presas em flagrante em Cascadura (Zona Norte), em um escritório clandestino voltado exclusivamente para golpes em aposentados e pensionistas. Entre os detidos estava Julia Garcia Domingues, filha do falecido funkeiro Mr. Catra.
Além disso, em dezembro de 2024, 24 pessoas foram presas por induzirem idosos a contratar empréstimos falsos, e em setembro do mesmo ano, 11 suspeitos foram capturados em Nova Iguaçu por crimes similares.
Organizações criminosas estruturadas
As investigações apontam para quadrilhas com hierarquias bem definidas: desde a captação dos dados até a movimentação dos recursos por meio de “laranjas”. Muitos desses grupos operam em call centers clandestinos, localizados em salas alugadas no Centro do Rio.
Há indícios ainda de envolvimento de pessoas com acesso privilegiado aos dados do INSS, o que explicaria a precisão no perfilamento das vítimas.
O alvo: quem mais precisa
A maioria das vítimas são idosos e beneficiários do INSS, que, por não dominarem ferramentas digitais como o site Meu INSS ou aplicativos bancários, acabam descobrindo os golpes tarde demais. Quando denunciam, já acumulam empréstimos não autorizados e descontos indevidos.
Importante lembrar: o Código de Defesa do Consumidor garante que bancos e financeiras têm responsabilidade objetiva, ou seja, devem reparar os danos causados mesmo que não tenham culpa direta.
Como se proteger
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre-FGV), reforça: “Nunca forneça dados pessoais ou bancários a desconhecidos. Golpistas se passam por bancos, financeiras ou até pelo próprio INSS”.
Dicas essenciais:
- Desconfie de ofertas “milagrosas” como “limpe seu nome e receba dinheiro”;
- Não assine contratos em branco ou sem ler;
- Sempre verifique se a empresa é autorizada pelo Banco Central;
- Bloqueie a contratação de consignado no aplicativo Meu INSS:
- Acesse: meu.inss.gov.br
- Vá em “Bloqueio/Desbloqueio de Benefício para Empréstimo”
Fui vítima, e agora?
Se você ou alguém próximo caiu em um golpe de crédito consignado, veja o passo a passo para agir rapidamente:
1. Com o banco:
- Ligue para o SAC ou ouvidoria do banco responsável;
- Solicite cancelamento do contrato fraudulento;
- Anote o número de protocolo.
2. Com a polícia:
- Registre um boletim de ocorrência (presencial ou online);
- Inclua dados como valor, datas e prints de conversas.
3. Com o INSS:
- Acesse o Meu INSS ou ligue para o 135;
- Bloqueie novos empréstimos e relate a fraude.
4. Banco Central e Procon:
- Registre reclamação no site do BC: www.bcb.gov.br/acessoinformacao/reclamacoes;
- Procure o Procon da sua cidade, leve RG, CPF, extrato, BO e provas do golpe.
5. Ação judicial:
- Consulte um advogado ou a Defensoria Pública;
- É possível pedir:
- Anulação do contrato;
- Devolução dos valores descontados;
- Indenização por danos morais.
⚠️ Fique atento, compartilhe este alerta com seus familiares, especialmente idosos, e ajude a prevenir novos casos!
📌 No Rio de Janeiro, o golpe do consignado virou caso de polícia — e de política pública urgente.
🖋️ Por Wisley Fernandes — www.wisleyfernandes.com.br
Fonte: Agenda do Poder/Marcelo Macedo S.
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