O Carnaval e o Descompromisso da Administração com a Cultura Local

Ah, o Carnaval de Bom Jesus! Uma tradição que atravessa gerações, cheia de cores, ritmos e emoções. É um evento que deveria ser tratado como o coração pulsante da cultura local. Mas não pela atual gestão, que insiste em transformar o brilho da nossa festa em promessas.

A Secretaria de Turismo, com sua criatividade de improviso, abriu no dia 20 de dezembro de 2024 uma licitação para a “futura e eventual” aquisição de instrumentos e materiais de percussão para os blocos carnavalescos de 2025. Sim, você leu certo: futura e eventual. A pergunta que não quer calar é: quantos carnavais serão necessários para que a gestão descubra que nossos blocos desfilam todos os anos? A previsibilidade parece ser uma ciência tão distante quanto Marte para esse pessoal.

E aí vem o cenário escancarado. Para tapar buracos nas ruas, a administração não poupou esforços: mais de R$ 1.352.591,90 estão reservados. Isso mesmo, mais de um milhão para buracos. Já para os blocos carnavalescos? Apenas R$ 93.999,62. Alguns instrumentos, uns abadás e, claro, muita promessa.

É curioso como o dinheiro aparece em abundância para certos projetos: quase R$ 800 mil do Ministério do Turismo para a reforma de uma praça. Não que a praça não mereça uma reforma, mas e o apoio à cultura que transforma vidas e une comunidades? Parece que, na prática, o que está sendo reformado é a paciência da população.

Estive no ensaio da Escola de Samba Aristides Figueiredo, a nossa querida AF. Foi emocionante ver a dedicação da comunidade: jovens à frente da bateria sob a liderança do mestre Dó, uma plateia calorosa formada por parentes, amigos e idosos. Pessoas de vários bairros da cidade se uniram ali para celebrar a cultura. O que não tinha? Apoio do governo. Nem sinalização para fechar as ruas, nem um representante presente, nem o mínimo suporte. Era o povo, pelo povo, para o povo.

Mas podem esperar. No dia do desfile, teremos autoridades fazendo graça no meio da bateria, gravando seus vídeos para redes sociais. Esse é o legado do Desgoverno: maquiagem para encobrir o abandono.

Enquanto isso, nossa cultura carnavalesca definha. A música vai parando, o tambor vai calando. Mas a resistência das comunidades não será esquecida, pois é nela que reside o verdadeiro espírito do Carnaval.