Transparência Vetada, R$ 2 Milhões Gasto: O Que Não Sabemos Sobre as Reformas

A Secretaria de Obras de nossa estimada cidade, sempre com uma criatividade única, iniciou recentemente a recuperação do deck da Praça Governador Portela. Nada contra uma boa e velha reforma, mas é impossível não levantar a sobrancelha ao ver essa obra surgir enquanto a cidade, literalmente, se afoga em sujeira e abandono.

Sim, a manutenção era necessária. A madeira original, ipê tabaco, uma madeira de lei, provou seu valor resistindo bravamente por 10 anos. O projeto inicial já previa a troca simples e eficiente das pranchas de madeira, garantindo a longevidade da estrutura. Mas nesta gestão, inovar significa quebrar o que já está pronto, gravar vídeos e alimentar o ego coletivo dos administradores.

E agora, caro leitor, surge a grande questão: por que bloquetes? Isso mesmo, aquele piso rígido que contraria o projeto inicial pensado para proteger as crianças de ralados e quedas mais sérias. Ah, mas é claro! Sem reforma drástica, não tem obra. Sem obra, não tem aplauso. E sem aplauso, como sobreviveriam os egos inflados?

Curioso e um pouco temeroso, este comunicador resolveu buscar respostas no Portal da Transparência 2024 . Sim, aquele mesmo que mais parece um portal mágico de desaparecimento de informações. E não é que encontramos algo? R$ 2 milhões pagos em materiais para reparos e manutenções pela Secretaria de Obras. Sim, você leu certo: dois milhões de reais. Esse montante expressivo deveria ser suficiente para transformar a cidade inteira em um exemplo de organização e zelo. No entanto, não inclui cimento usinado para pracinhas, materiais elétricos ou as pontes do Valão Soledade. Apenas material, puro e simples, cuja aplicação concreta ainda não se reflete no dia a dia dos cidadãos.

E por que essas obras seguem tão envoltas em mistério? Talvez porque o prefeito, em um movimento no mínimo controverso, vetou um projeto de lei de autoria do ex-vereador Denis Possidônio. O projeto determinava que qualquer obra da cidade deveria conter, de forma clara e pública, informações como os gastos e o período de execução. Sem essa transparência, os cidadãos continuam no escuro sobre como e onde o dinheiro público está sendo investido.

E não para por aí! Nos 40 dias iniciais de 2025, já foram empenhados mais de R$ 200 mil em materiais de construção. Quais são as obras contempladas nesse pacote? Boa pergunta. Talvez o próprio Portal da Transparência precise de uma reforma para funcionar com clareza. Enquanto isso, as respostas seguem ocultas.

Outro ponto que merece destaque é a limpeza urbana. Temos R$ 350 mil empenhados apenas para janeiro de 2025. E, no entanto, a cidade mais parece o cenário de um filme pós-apocalíptico. Onde está o reflexo desse gasto? Seria hora de cobrar do ilustre Secretário Leo Gas um pouco mais de ação e menos escápula para selfies em obras?

O retrato atual da cidade é outro. Não é de progresso, mas de prioridades desordenadas e transparência turva. Afinal, o que importa não é o que se vê, mas o que se grava. E assim seguimos, entre bloquetes, pranchas quebradas e egos inflados.