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Calheiros e o Milagre da Festa: Obras Que Só Aparecem Quando Tem Data no Calendário

Calheiros e o Milagre da Festa: Obras Que Só Aparecem Quando Tem Data no Calendário

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Isso mesmo, caro leitor(a), adiantem seus calendários festivos e preparem seus distritos: somente assim o olhar da administração pública parece se voltar para vocês. Nos últimos meses, os moradores de Calheiros têm incansavelmente reclamado das ruas esburacadas, da falta de poda de árvores e dos lixos amontoados em cantos de rua. O som do descaso ecoa pelas redes sociais, mas parece que os ouvidos da administração estão sintonizados em outra frequência.

O vereador Léo Xambão gravou, no dia 2 de abril, um vídeo mostrando a situação do distrito. Em tom de desabafo, ele denunciou o estado de abandono. Mas o Secretário de Obras, Léo Gás, parece ter feito ouvidos de mercador — não aceita cobranças ou, talvez, Xambão não tenha colado o famoso adesivo do rolo compressor com a imagem do secretário em seu veículo. Dizem por aí que quem não cola, vai para o final da fila.

Pois bem, mais de 25 dias depois, é a vez de Léo Gás aparecer em cena. Desta vez, ao lado do vereador Samuel Júnior, o secretário anuncia que “Calheiros será contemplado”. Mas não se animem, moradores: o reparo não é para atender as demandas diárias e urgentes. Não é para resolver os problemas de ruas esburacadas ou lixos acumulados. O foco é apenas preparar o distrito para a tradicional festa. Afinal, festa boa precisa de maquiagem bem feita, não é?

Mas há mais por trás desse vídeo que um simples “cuidado festivo”. Trata-se das indicações para os cargos de assessor legislativo e administrativo da Câmara, funções que passam pelo crivo da Mesa Diretora — da qual ALGUNS VEREADORES QUE ANDAM ANUNCIANDO OBRAS FAZEM PARTE. Este blog já possui uma listagem preliminar e divulgará os detalhes assim que todos os cargos forem preenchidos. O que podemos adiantar é que o nepotismo cruzado entre o Legislativo e o Executivo está mais forte do que nunca.

Enquanto isso, assistimos a cenas de vereadores gravando vídeos em pontes, sobre tratores e anunciando obras que não são frutos de fiscalização do Legislativo. Se fossem, talvez Léo Gás estivesse em Calheiros no dia 3 de abril, ao invés de mais de 25 dias depois. Em vez disso, o que move as engrenagens são as indicações de apadrinhados com salários de R$ 4.727,57, cuidadosamente cultivadas pelo Executivo em parceria com alguns membros da Câmara.

Ao povo, o que nos resta? Um vídeo com histórias felizes, uma pincelada de tinta e o velho jogo de aparências. As ruas calçadas no município? Obra do programa Somando Forças. Os tratores na zona rural? Governo Federal. O pó de pedra nas estradas vicinais? Governo do Estado. Todas obras já programadas e com verbas liberadas pelo Governo do Estado do Rio, que a prefeitura sequer agradece, mas tem o desprezo de tomar para si a iniciativa. Tamanha é a necessidade de aparecer que, nesta cidade, não temos secretários e vereadores, temos deputados e ministros — ao menos é o que eles querem que você pense.

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