Enquanto a Fome Avança, a Secretaria de Assistência Social se Ocupa com Diárias e Burocracia
Já denunciamos aqui, neste blog, o abandono por parte da Secretaria de Assistência Social e Habitação de Bom Jesus do Itabapoana. A falta de compromisso com os mais vulneráveis, seja com os assistidos pelo programa alimentar, seja com a população em situação de rua, já não é novidade. O problema é que a situação, ao invés de melhorar, só se agrava.
Enquanto isso, quem deveria agir se omite. E quem acaba assumindo o papel do poder público? Projetos sociais como A Rede, que, com muito esforço e ajuda de voluntários, tenta minimizar o sofrimento de quem foi esquecido.
Essa semana, o projeto A Rede fez um desabafo nas redes sociais que não pode ser ignorado. Segue o relato:
“Iniciamos a semana com a notícia de que uma criança estava buscando lavagem em meio aos porcos para levar para casa.
Graças à ajuda de amigos e pessoas que apoiam nossas ações, conseguimos intervir e auxiliar a família com alimentos não perecíveis, carnes, material de limpeza, material de higiene, frutas, verduras e legumes. Ganharam sandálias novas, agasalhos, meias e cobertores.
Esse é apenas um dos diversos casos de famílias em situação de vulnerabilidade social. A insegurança alimentar aumenta consideravelmente no período de férias escolares e, infelizmente, não vemos nenhum projeto efetivo por parte da Secretaria de Ação Social e da Secretaria de Educação, em conjunto com o Executivo e Câmara dos Vereadores.”
Enquanto famílias enfrentam a insegurança alimentar, a Secretaria de Assistência Social segue com um orçamento robusto, mas priorizando gastos triviais:
- Diárias para cursos e reuniões em outras cidades;
- Compras com gráficas de preços milagrosamente licitados;
- Pagamentos a lojas de materiais de construção que têm como sócios filhos de pessoas com cargo de confiança na gestão (esse caso será formalmente denunciado ao MPF nesta semana);
- Compras de lanches e materiais de escritório.
E as cestas básicas? E o atendimento humanizado? E os projetos sociais que deveriam existir principalmente durante o período de recesso escolar, quando a merenda deixa de ser a principal refeição de muitas crianças?
Este blog já ingressou com duas ações junto ao Ministério Público, além de protocolar pedidos de informação à Prefeitura sobre as licitações de material gráfico e sobre a distribuição das cestas básicas. Como o município se recusa a entregar os documentos no período em que a lei determina, decidimos avançar ainda mais: o caso será levado ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal.
Talvez, com ordem do Judiciário, a transparência volte a essa administração.
Bom Jesus nunca chegou ao ponto de gastar mais com diárias do que com ações efetivas de combate à fome. E infelizmente, é esse o retrato da atual gestão: um governo ocupado com a burocracia e cego para a realidade das ruas.
Vamos direto aos órgãos federais, porque, aparentemente, alguns órgãos de defesa da sociedade resolveram adormecer diante de tamanha imprudência. As vozes que antes ecoavam nas rádios, televisões e redes sociais agora sumiram, silenciaram.
Mas este blog continua aqui. Para mostrar o que precisa ser visto. Para gritar quando a cidade insiste em sussurrar. Para lembrar que fome não espera processo, reunião nem postagem com filtro.
Fonte:Portal da Transparência/Divulgação Instagram





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