Gripe K 2026: médicos explicam o que esperar dos sintomas, quando se preocupar e o que a ciência já sabe
O termo “gripe K” começou a circular fora do meio científico após alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Apesar do nome chamar atenção, especialistas reforçam: não se trata de uma nova gripe, mas de uma variação do vírus influenza A (H3N2), associada ao chamado subclado K.
A preocupação das autoridades de saúde está ligada principalmente ao comportamento do vírus — e não à gravidade da doença.
O essencial sobre a chamada “gripe K”
✔️ Não é uma nova doença, mas uma variação do vírus influenza A (H3N2);
✔️ Os sintomas são os mesmos da gripe comum;
✔️ Não há sinais de maior gravidade associados ao subclado K até o momento;
✔️ Austrália e Nova Zelândia não registraram aumento de mortes relacionadas a essa variante;
✔️ A principal diferença observada foi uma temporada de gripe mais longa que o habitual;
✔️ Grupos de risco continuam os mesmos: idosos, crianças, gestantes e pessoas com doenças crônicas;
✔️ Antivirais seguem eficazes, sobretudo quando usados no início dos sintomas;
✔️ Testes rápidos ajudam no diagnóstico precoce;
✔️ A vacinação continua sendo fundamental para evitar casos graves;
✔️ Vigilância epidemiológica e cobertura vacinal são as principais respostas neste momento.
O que é subclado?
Subclado é uma subdivisão de um mesmo vírus, definida por pequenas mudanças genéticas acumuladas ao longo do tempo. Essas variações não caracterizam um vírus novo, mas podem influenciar sua circulação e a resposta do organismo.
Alertas da Opas e da OMS
O aumento da atenção dos cientistas ocorre após notas técnicas divulgadas pela OMS e pela Opas, que apontaram crescimento e antecipação da circulação do influenza A (H3N2) em diversas regiões do mundo, especialmente no Hemisfério Norte.
Um estudo publicado na revista científica Eurosurveillance mostrou que o subclado K esteve associado a uma temporada de gripe mais prolongada na Austrália e na Nova Zelândia, estendendo-se além do período habitual.
Apesar disso, as entidades reforçaram que não há evidências de aumento da gravidade clínica associada a esse vírus.
Os sintomas mudaram?
Não. Segundo especialistas da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), os sintomas são os mesmos da gripe sazonal conhecida:
- febre
- mal-estar
- dor no corpo
- dor de cabeça
- tosse
- dor de garganta
- cansaço
“Não há nenhum sintoma diferente ou característico desse subclado. O quadro clínico é o de uma síndrome gripal típica”, afirma o pediatra e infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm.
O diretor da entidade, Juarez Cunha, reforça que também não houve mudança na duração da doença:
“Em geral, os sintomas duram de três a sete dias, como ocorre em outras gripes.”
Por que algumas pessoas relatam sintomas mais fortes?
Especialistas explicam que a gripe sempre apresenta grande variabilidade individual.
“Existem pessoas que têm quadros leves e outras que evoluem com sintomas mais importantes, independentemente do subtipo do vírus”, explica Juarez Cunha.
Fatores como idade, presença de doenças crônicas, estado imunológico e vacinação influenciam diretamente a intensidade dos sintomas — tanto no H3N2 quanto em outros subtipos, como o H1N1, além de outros vírus respiratórios.
Quem corre mais risco?
Os casos mais graves continuam concentrados nos grupos mais vulneráveis:
- idosos;
- crianças pequenas;
- gestantes;
- pessoas com doenças crônicas;
- indivíduos imunocomprometidos.
“Cerca de 75% dos óbitos por influenza acontecem nesses grupos”, destaca Kfouri. “Por isso, a vacinação é fundamental.”
Até o momento, não houve aumento significativo de hospitalizações ou mortes, mas a vigilância segue sendo essencial.
Quando procurar atendimento médico?
A maioria das pessoas se recupera sem complicações, mas alguns sinais exigem atenção, especialmente nos grupos de risco:
⚠️ febre alta e persistente;
⚠️ falta de ar;
⚠️ cansaço intenso;
⚠️ prostração;
⚠️ piora clínica após alguns dias.
Nesses casos, a orientação é procurar atendimento médico logo no início dos sintomas.
Diagnóstico precoce faz diferença
A influenza possui tratamento antiviral eficaz. O oseltamivir, quando iniciado nas primeiras 48 a 72 horas, reduz o risco de complicações.
“Hoje temos testes rápidos que permitem identificar se é influenza. Quando o antiviral é iniciado cedo, ele diminui o risco de gravidade, principalmente nos mais vulneráveis”, explica Kfouri.
Por que o subclado K chamou a atenção das autoridades?
Estudos indicam que o subclado K esteve associado a temporadas de gripe mais longas na Austrália e na Nova Zelândia em 2025, com circulação do vírus até o fim da primavera e início do verão — algo incomum.
Por esses países costumarem antecipar tendências para o Hemisfério Norte, os dados acenderam um alerta para outros sistemas de saúde. Pesquisadores avaliam que o subclado K pode ser mais adaptado virologicamente, favorecendo uma circulação prolongada também em outras regiões, incluindo a América do Sul.
Apesar da maior capacidade de transmissão, não houve aumento de internações em UTI nem de mortes. Os vírus seguem sensíveis aos antivirais, e a vacinação continua recomendada, mesmo com possível redução de eficácia específica — ainda assim eficaz para prevenir casos graves e hospitalizações.
Vigilância e vacinação seguem no centro da estratégia
Especialistas reforçam que não há motivo para pânico.
“O mais importante agora é acompanhar os dados, manter a vigilância e garantir alta cobertura vacinal”, resume Juarez Cunha.
“A gripe continua sendo uma doença potencialmente grave para alguns grupos — e é isso que deve guiar a resposta.”
Fonte: G1



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