Pregão 046/2025: Do Leite em Pó a 7 Reais ao Arroz Mágico — Vai Faltar Merenda em Bom Jesus
Ainda sobre o polêmico Pregão Eletrônico nº 046/2025, destinado à compra de gêneros alimentícios para a merenda escolar, o que deveria ser um processo transparente e econômico virou um verdadeiro espetáculo de absurdos. E não é exagero — é fato comprovado em documentos e atas de registro de preços que serão levados ao TCE e ao Ministério Público.
A começar pelo valor estimado da licitação, que ultrapassa os R$ 4 milhões. Até aí, nada fora do comum — o problema está nos lances vencedores, que desafiam qualquer lógica de mercado. Basta olhar os números para entender o tamanho do “milagre da multiplicação ao contrário” que acontece nas planilhas do município.
Vamos aos exemplos mais gritantes:
- Arroz tipo 1: preço estimado em R$ 27,71, ganho por R$ 13,18. Um desconto tão generoso que parece que o fornecedor planta arroz na lua e colhe no quintal da prefeitura.
- Leite em pó integral: estimado em R$ 19,19, ganho por R$ 7,00. Se esse leite chegar mesmo às escolas, pode virar símbolo da nova economia invisível.
- Carne bovina: valor estimado em R$ 34,26, ganho por R$ 15,74. Um corte tão profundo no preço que só não corta o apetite de quem acredita em milagre.
- Peixe congelado: estimado em R$ 48,36, ganho por R$ 18,99. Com esse desconto, o peixe devia vir nadando direto para o prato das crianças.
- Café torrado e moído: estimado em R$ 34,59, ganho por R$ 14,86. Café bom e barato assim nem o mercado do ouro preto consegue.
- Macarrão: estimado em R$ 5,83, ganho por R$ 2,06. Parece piada, mas é o cardápio oficial da licitação.
- Ovos: estimado em R$ 0,86 a unidade, ganho por R$ 0,35. Pena que, no fim, o que sobra mesmo é casca e desculpa.
Esses valores “mágicos” foram apresentados como comprovação de ata de registro de preços — o que, pasmem, o setor de licitação do município aceitou sem contestar. E o mais curioso é que, segundo fontes internas, nem a própria Secretaria de Educação está satisfeita com o resultado. Mas como o cabide de empregos municipal gira ao sabor dos ventos políticos, um velho conhecido da Saúde foi parar na Educação. Resultado? Mesmos métodos, novas pastas, e a velha falta de transparência de sempre.
O setor de licitação, que conta com profissionais experientes, deveria acender o alerta há muito tempo. Porque não é apenas a merenda: temos a licitação do lixo já no TCE, a das cestas básicas, a dos remédios em fase de comprovação — e agora, a das crianças.
Até quando o município vai fingir que não vê o vício de empresas que oferecem preços impossíveis, vencem, não entregam, e ainda saem impunes?
Depois, quando as denúncias aparecem com provas, dizem que é perseguição. Pois que chamem de perseguição, se quiserem. Porque se é para perseguir o mau uso do dinheiro público, então que nos acusem à vontade. A verdade é que a merenda virou negócio, e as crianças, figurantes desse enredo trágico — onde o prato está cada vez mais vazio e o escândalo, cada vez mais cheio.
Fonte: Portal












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