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‘Quase morri e não emagreci’: pacientes relatam reações graves após usar canetas emagrecedoras falsificadas

‘Quase morri e não emagreci’: pacientes relatam reações graves após usar canetas emagrecedoras falsificadas

O desejo de emagrecer rápido está transformando brasileiros em vítimas de uma rede cada vez mais perigosa: atravessadores, clínicas informais e produtos sem qualquer controle sanitário, que circulam como se fossem medicamentos de última geração. Por trás da promessa fácil, estão reações violentas, internações e relatos de quase morte — todos ligados ao uso de tirzepatida irregular, o princípio ativo presente no Mounjaro.

“Todo mundo estava emagrecendo horrores” — e o golpe começa assim

Foi em um salão de beleza, ouvindo que “todo mundo estava emagrecendo horrores”, que o chef de cozinha Paulo Marin, 50 anos, decidiu tentar a tão comentada tirzepatida. Uma amiga passou o contato de um suposto médico que atendia em um consultório improvisado: uma maca, uma mesinha, duas cadeiras.

“Ele aplicava a dose e pronto. Eu não via o frasco. Ele dizia que era endocrinologista, mas nunca vi CRM. Custava R$ 250 por semana.”

A primeira aplicação trouxe um alerta imediato: náuseas intensas, vômitos, tontura e um hematoma roxo na barriga. Paulo insistiu na segunda dose. A reação foi pior. E o mais frustrante: não emagreceu um grama.

Meses antes, ele já havia testado a temida “caneta do Paraguai”: quatro aplicações por R$ 1.200, parcelados na maquininha. Bastou uma para passar mal o dia todo.

Por dentro das canetas clandestinas

As reações relatadas por Paulo não surpreendem quem monitora o mercado paralelo. Especialistas ouvidos pelo g1 confirmam: o que circula clandestinamente está muito longe dos padrões mínimos exigidos pela Anvisa.

Na rede irregular, o que se encontra é:

  • Produtos sem controle sanitário
  • Doses alteradas ou substâncias desconhecidas
  • Frascos sem rastreabilidade
  • Aplicações feitas por pessoas sem formação ou autorização
  • Clínicas improvisadas ou atendimentos domiciliares
  • “Médicos” sem CRM, profissionais falsos ou atravessadores

Ou seja: não é só o barato que sai caro — é a saúde que vai parar em risco.

O abismo entre o permitido e o proibido

A Anvisa possui regras rígidas para medicamentos injetáveis de uso controlado. Para a tirzepatida, isso inclui:

✔️ Registro oficial da substância
✔️ Laboratórios regularizados
✔️ Condições adequadas de armazenamento
✔️ Prescrição médica
✔️ Acompanhamento profissional habilitado

No mercado paralelo, nada disso existe. E justamente por isso as reações graves vêm se multiplicando pelo país.

Como se proteger

Especialistas recomendam que qualquer pessoa que deseje iniciar tratamento com medicamentos para emagrecimento siga alguns passos essenciais:

🔸 Exigir prescrição médica real
🔸 Confirmar CRM e especialidade do profissional
🔸 Ver o frasco antes da aplicação
🔸 Desconfiar de preços muito baixos
🔸 Rejeitar atendimentos improvisados (salões, casas, quartinhos, clínicas sem estrutura)
🔸 Comprar apenas com nota fiscal e em estabelecimentos autorizados

O que parece economia ou atalho pode custar caro — e até a vida.

O alerta fica

A história de Paulo é apenas uma entre centenas espalhadas pelo país. O que deveria ser um tratamento médico sério virou um produto de balcão clandestino, empurrado por oportunistas que lucram com o desespero alheio.

Em vez de emagrecer, muitos estão adoecendo. E alguns, como diz o próprio Paulo, quase não voltaram para contar.

Fonte: G1

Anúncio de tirzepatida falsificada a qual Paulo teve acesso — Foto: Reprodução.

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