“Quando o Tamborim Fala, Mas Ninguém Escuta: O Carnaval de Bom Jesus”

Não há como negar: o Carnaval é uma das maiores expressões culturais de Bom Jesus. Uma festa que aquece os corações e o comércio local, movimentando bares, restaurantes, costureiras, vendedores ambulantes e até mesmo os artesãos que fabricam fantasias e adereços. Mas parece que a prefeitura não compartilha dessa opinião. Afinal, se for para falar de prioridades, a cultura parece ter sido relegada ao bloco do esquecimento.

Nos últimos dias, o blog do Frederico Sueth vem expondo o descaso público com os blocos carnavalescos da cidade. E este comunicador pode confirmar: o descompromisso é real e vergonhoso. Prova disso é que a prefeitura só homologou a ata para compra de materiais de percussão no dia 6 de fevereiro — e ainda assim, destinando a modesta quantia de R$ 60 mil para instrumentos.

Aí fica a pergunta: onde está o apoio à cultura? Se compararmos com a festa de agosto do ano passado — aquela realizada em pleno período eleitoral —, a diferença é gritante. Para os shows nacionais e regionais daquela ocasião, foram destinados nada menos que R$ 1 milhão. Enquanto isso, o tamborim do Carnaval mal consegue um par de baquetas para se expressar.

A realidade é que as agremiações carnavalescas estão inseguras para colocar seus blocos na rua. Com o apoio escasso e tardio, fica evidente que, sem eleição à vista, a administração parece não ver razão para investir na cultura local.

Será que nossos gestores esqueceram que o Carnaval também é uma vitrine para a cidade? Que, além de fomentar a identidade cultural, ele é responsável por atrair visitantes e impulsionar o desenvolvimento econômico? Ou será que o tamborim só é ouvido quando o ritmo é eleitoral?

O Carnaval é muito mais do que uma festa. É resistência, história e alegria. Que pena que, em Bom Jesus, ele também se tornou um reflexo do descaso público. Assim, fica a dúvida: quando os blocos passarem — se passarem —, quem vai sambar serão os foliões ou a administração?

Os blocos não estão sozinhos nessa luta. Continuaremos de olho e cobrando para que o tamborim volte a falar e, com ele, toda a cultura de Bom Jesus.